quinta-feira, 12 de abril de 2012

SÓ DEPOIS DO CARNAVAL! Todo dezembro é a mesma coisa, listinha de compromissos que vamos firmar para o novo ano, coisas que queremos conquistar, coisas que mudaremos em nossa vida, uns vão entrar na academia, outros vão mudar de carreira, uns vão entrar na faculdade, outros vão buscar obter alguns bens e todo tipo de pessoa e instituição vão buscar os chamados novos rumos. Após dezembro passar, levando todo seu glamour, toda sua velocidade comercial, toda agitação pelas festas e busca por férias, términos de compromissos anuais, metas batidas ou não, incansáveis reuniões de planejamento para o novo ano, após o dezembro passar, nos encontramos em janeiro, mas janeiro de que ano mesmo? Todo janeiro é igual, todo janeiro parece ser sem identidade, ser um janeiro de ano nenhum, quando pensamos janeiro de que ano, podemos até pensar no janeiro do ano corrente, mas de fato ele é janeiro e só, janeiro de ano nenhum, porque o ano não começou ainda. Esta declaração de que o ano não começou, não é apenas porque não conseguimos nos matricular na academia ainda, porque não entramos na dieta ou as férias não saíram, janeiro não deixa de começar porque alguns se encontram de recuperação no colégio, ou repondo aulas em função de ter ocorrido greves. Todo ano quando entra janeiro, as coisa velhas que vemos e ouvimos, vão além destas coisas simples, o que realmente torna janeiro, um janeiro de ano nenhum, pois se acompanharmos os fatos, veremos que este janeiro poderia ser daquele anos ou de outro ano qualquer. Na televisão são as mesmas matérias, onde vemos pessoas desabrigadas, vivendo problemas presentes iguais do passado que as deixa sem futuro, pois as águas são de março apenas para o poeta e ver uma, duas, até mil famílias sem ter onde dormir, vai um pouco além da poesia, quando a realidade é mais que nua e crua, ela é fúnebre. Em janeiro vemos sempre as mesmas coisas e além de chuvas, desabamento de casas e encostas, alagamento de cidades, falta de estrutura na saúde e epidemias de doenças, vemos, também, os famosos jogadores de futebol que se envolve em problemas na noite do Rio de Janeiro, aonde vêm passar suas férias, problemas comuns, envolvendo aquelas garotas que depois vão a todos os programas, que na verdade iniciam sua carreira após estes ocorridos, vemos as tradicionais polemicas em programas que parecem ser criados apenas para as mesmas, programas vazios de conteúdo, mas cheios de audiências. É em janeiro que começamos a nos preocupar com o hit do verão, onde as bandas começam a lançar suas músicas de uma frase só, começamos a ouvir pelas ruas e praças, as tradicionais frases de abaixa, levanta, pega, vira, musicas de verbos citados como ordens as mulheres. É o dinheiro que sumiu na virada do ano, são as obras que parecem só andarem em janeiro, são ruas esburacadas, placas de desculpe o transtorno por todo lado e quando a rua não está fechada por em razão das obras, elas estão fechadas em função de um ensaio de escola de samba, são engarrafamentos enormes, diversos desvios e dificilmente em janeiro você chega a casa cedo ou a um compromisso no horário. O Rio é de Janeiro, mas parece só começar existir após fevereiro e se o desejo de muitos é carnaval o ano inteiro, será que estes mesmos problemas seriam bem vindos o ano todo? Muitas coisas deveriam ser definidas no fim do ano e a partir do dia dois deveriam ser postas em prática, mas como em todos os anos a única coisa certa para o ano corrente seja em qual janeiro que for, é o samba das escolas e talvez algumas “levadas” Baianas, que tocarão por mais de dez, doze horas nos trios e para tal, precisam estar bem compostas e arranjadas. Não estamos perdidos apenas em janeiro, parecemos perdidos como país, pois fazemos questão de ser conhecido como o pais do carnaval, o ano só começa depois do carnaval, tudo parece acontecer só depois do carnaval, porém, como o país é do carnaval, as coisas vão acontecer depois do país inteiro, talvez no país vizinho, porque para muitos é mais importante desfilar na avenida do que passar pela vida desfilando seus ideias, sem quebra de princípios, sonhos parados e vidas sem enredo e cada vez mais os anos vão passando, as rainhas cansadas, os mestres sem ensino, esgotados nas salas. Com esta “cultura” vamos levando mais zero do que dez, vamos perdendo a chance de fazer mais do que passar pela vida, perdemos a chance de permanecer na escola da vida, aprendendo que após a largada ser dada, não pode perder um minuto, uma hora, uma semana ou um mês sequer, pois nesta transmissão somos os atores principais, onde as cenas de perigo são feitas por nós mesmos, sem adereços, sem máscara, mostrando que podemos ser mais do que somos, realizar mais e fantasiar menos, deixando claro que estamos para ganhar e não competir, pois a vitória de sua vida está no primeiro passo em que você dá, sem paradinhas e sem recuo, mas para isto é preciso avançar, ir em frente, deixar de lado coisas que não vão somar em nada, enfeites que traz o brilho momentâneo e ir atrás de um verdadeiro farol, aquele que nunca se apaga, pois quem não possui uma luz real a seguir, acaba por se distrair com holofotes e brilhos que se apagam ou será que você só come depois do carnaval? Só cria seus filhos depois do carnaval? Só trabalha depois do carnaval? Falta de janeiro a março e vê se consegue manter seu emprego! O mar de rosas está nos afogando e ainda achamos que dará para respirar depois do carnaval? A vida de cada um é de cada um, o conjunto da obra só enriquece uns poucos e como não somos bicheiros, donos de cervejaria, muito menos presidentes de escolas de samba, vamos correr na frente, vamos colocar nossos carros alegóricos para andar, para buscar a melhor posição no emprego, na família, na vida, porque depois que passa o carnaval sua vida é a mesma, talvez um pouco pior, talvez com um filho a mais, com reais a menos, com conseqüências diversas e uma consciência mais pesada e se todo começo de ano é igual, todo final também, pois já posso ver você vindo com aquele bacalhau comprado na promoção, a garrafa de vinho debaixo do braço e no bolso, no bolso a velha listinha do que pretende mudar no início do ano próximo, mas quando este ano próximo começa para você é que ainda não se sabe, pois tudo que você sempre sonhou em mudar e fazer estão no ano próximo! Por Luciano Pierre

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